Sociologia - Breve Introdução às Ciências Sociais
Introdução: A Vertigem da Modernidade – Tudo Que é Sólido
Desmancha no Ar
“Sacrifícios humanos sangram,
Gritos de horror e desespero cortam a noite ao meio...”
Fausto, de Goethe
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“... A burguesia despiu todas as atividades até aqui veneráveis
e estimadas com piedosa reverência das sua aparência sagrada.
Transformou o médico, o jurista, o padre, o poeta, o homem de
ciência em trabalhadores assalariados pagos por ela. (...) A
burguesia não pode existir sem revolucionar permanentemente os
instrumentos de produção, por conseguinte as relações de
produção, por conseguinte ainda, todas as relações sociais.
[Assim] todas as relações fixas e enferrujadas, com o seu
cortejo de vetustas representações e concepções são dissolvidas,
todas as recém-formadas ossificam-se antes de poderem
envelhecer. Tudo o que era sagrado é profanado,
tudo que é
sólido desmancha no ar
e os homens são por fim obrigados a
encarar com os olhos bem abertos a sua posição na vida e as suas
relações recíprocas...”
Manifesto Comunista, de Marx e Engels
A
Humanidade, após conjurar o demônio da Moderidade Capitalista
passa a servir a ele...
O filósofo estadunidense Marshall Berman, em
seu já clássico “Tudo
o que é Sólido Desmancha no Ar”
analisa as transformações da modernidade principalmente a partir
de 3 Obras principais e algumas outras em ilações. As principais
são o “Fausto”, de Goethe, “O Manifesto Comunista”, de Marx e
Engels e “As Flores do Mal”, de Charles Baudelaire – outros
Autores são ali também examinados dentro do contexto da
modernidade a partir de algumas de suas Obras; autores como
Dostoiévski, Gogol, Chernyshevski, Mandelstam, Bieli, Robert
Moses, etc.
Na abertura, registra o Autor:
“Logo depois de terminado este livro, meu filho bem-amado, Marc,
de cinco anos, foi tirado de mim. A ele eu dedico Tudo que é
sólido desmancha no ar”. Sua vida e sua morte trazem muitas das
ideias e temas do livro para bem perto: no mundo moderno,
aqueles que são mais felizes na tranquilidade doméstica, como
ele era, talvez sejam os mais vulneráveis aos demônios que
assediam esse mundo; a rotina diária dos parques e bicicletas,
das compras, do comer e limpar-se, dos abraços e beijos
costumeiros, talvez não seja apenas infinitamente bela e
festiva, mas também infinitamente frágil e precária; manter essa
vida exige talvez esforços desesperados e heróicos, e às vezes
perdemos. Ivan Karamazov diz que, acima de tudo o mais, a morte
de uma criança lhe dá ganas de devolver ao Universo seu bilhete
de entrada. Mas ele não o faz. Ele continua a lutar e a amar;
ele continua a continuar.”
Brevemente, Fausto, à meia-idade, pensa em cometer suicídio
quando ouve o sino de uma igreja próxima e sente o cheiro de
sabonete das pessoas que acabaram de tomar banho e para ela se
dirigem como uma recordação infantil de um tempo feliz; arroja à
lareira o frasco de veneno que estava prestes a tomar, pensando:
“como esses sons e odores me chamam de volta à vida...”
Alquimista, conjura Mefistófeles e assina com ele um pacto,
Mefisto o servirá na Terra e ele, ao morrer passará a servir a
Mefisto no Hades. Inicialmente pede juventude e vigor, o que lhe
é concedido e Fausto deseja Gretchen, bela e jovem moça que
acaba seduzida pelas artimanhas de um Fausto rejuvenescido em
aliança com o poderoso Mefisto; Gretchen engravida e Fausto se
recorda das condições de seu contrato com Mefisto: “No
momento em que disseres para, ao instante que
passa, ali tomarei sua alma”. Fausto não pode se acomodar a
um casamento ou a qualquer coisa, tem de permanecer mergulhado
na vertigem da modernidade. Abandona Gretchen, que perde
o filho e morre de desgosto – infelizmente, aponta Berman, a
maioria dos leitores abandona o texto nessa altura também – numa
segunda transformação, Fausto é levado ao alto de uma montanha
e, com sentidos ampliados, vê o carvão, o ferro e o ouro no
interior da pedra; vê florestas e nelas imagina estradas
cortadas por ferrovias construídas com os metais retirados das
montanhas, vê camponeses expulsos de suas terras e os vislumbra
a todos trabalhando para ele, etc. O Epreendedor Fáustico do
Tempo Burguês tampouco pode parar; como se uma maldição
pairasse sobre ele, precisa de cada vez mais: mais terras, mais
gente a trabalhar para ele, mais riquezas, maior poder sobre
coisas e pessoas e, acima de tudo, jamais parar. Muito
citada ainda a metáfora do tubarão: diferentemente de outros
peixes, o tubarão não tem guelras móveis, as suas são presas ao
corpo, assim, para filtrar o Oxigênio da água do mar, o tubarão,
bicho que nunca dorme, precisa estar sempre em movimento. Nunca
para. “Se o tubarão parar de nadar ele morre” e assim,
shark, tubarão em Inglês, é o nome mais aplicado ao
empreendedor capitalista voraz. Frequentemente, por seus pares,
em termos elogiosos, inclusive...
Lutas Históricas Contra a Injustiça
Com os Cercamentos de Terras e o
desenvolvimento da mecanização nas fábricas, inicialmente na Grã
Bretanha entre os séculos XVIII e XIX, espalhando-se para a
Europa, berço e centro irradiador cultural e tecnológico da
nossa civilização, a produção artesanal de bens de consumo como
alimentos e móveis domésticos foi-se extinguindo. Nas grandes
fábricas e fazendas cada vez mais mecanizadas a produção foi-se
ampliando e mesmo se tornando menos onerosa; a ponto de os
pequenos camponeses e artesãos se virem na contingência de
abandonar a propriedade privada de seus restritos meios de
produção, passando a trabalhar para aquelas grandes fazendas e
unidades fabris num processo consideravelmente lento e doloroso
como ocorre sempre que se muda a forma como os seres humanos
encaminham suas experiências existenciais.
A mão
de obra assim conquistada pelos donos das grandes fábricas e
fazendas ainda era insuficiente para dar conta de toda a
produtividade por eles almejada, tornando necessário o afluxo de
mais trabalhadores e, naquele contexto, buscou-se incorporar
também o trabalho de mulheres e crianças. Desde os primórdios da
nossa civilização, aos homens cabia trabalhar e prover o
necessário à família, as mulheres estavam restritas a atividades
domésticas como a criação de seus filhos, manutenção da limpeza
e asseio da casa e vestimentas além da elaboração dos alimentos.
Quanto às crianças, eram consideradas em processo de formação,
portanto ficavam fora dos processos produtivos assim como de
vários outros processos sociais; na Idade Média, crianças de
famílias abastadas recebiam o ensino através da tutela de
professores itinerantes contratados por seus pais, enquanto as
crianças de classes sociais subalternas eram orientadas nas
artes e ofícios que seus pais dominavam, deles herdando seus
conhecimentos específicos.
Cabem,
sempre, exceções, lembrando que as exceções são muito úteis para
confirmar a regra, como o caso das mulheres na cidade-estado de
Esparta, que gozavam de maior liberdade que as mulheres de
outras comunidades da Antiguidade Clássica, o mesmo acontecendo,
mais como exceção do que como regra, em outros momentos da
história europeia.
Uma
onda ideológica voltada à “libertação da mulher” começou a tomar
conta da Europa nos primórdios da industrialização, pois sua
força de trabalho era necessária nas fábricas. Aos poucos, as
mulheres foram incorporadas aos processos fabris e, em seus
primórdios, mesmo crianças a partir de 6 anos de idade já
passavam a participar da produção, conforme análise detalhada
feita, entre outros, por Friedrich Engels, por exemplo, na
principal obra estatística para compreender aquele momento
histórico “A Situação da Classe Trabalhadora na Inglaterra”.
Trabalhava-se da madrugada até alta noite, durante todos os dias
da semana, e os salários eram calculados em termos do suficiente
para que o trabalhador se mantivesse alimentado e pudesse se
reproduzir gerando mais mãos para as fábricas em crescimento
constante. Se alguém se machucasse gravemente, era simplesmente
afastado da produção e se tornava inteiramente dependente da
caridade para sobreviver pelo resto de seus dias.
De forma um tanto ambígua, a Igreja tentou
restabelecer o “dia do Senhor” no qual tradicionalmente os
trabalhadores exerciam atividades laborais para a Igreja, mas
somente conseguiu, no início, momentos de prece, dentro das
fábricas, aos domingos.
A Situçação da
Classe Trabalhadora na Europa em geral, e na Inglaterra
em particualar, era tão desesperadoramente inimaginável que
Friedrich Engels elaborou, e fez publicar em 1845, um dos mais
detalhados trabalhos estatísticos do período – relatando casos
escabrosos e bastante comuns de abusos os mais diversos nas
exploração do trabalho humano, contra mulheres e crianças
principalmente – e sua publicação trouxa alguma reflexão às
classes dominantes da época. Vagas
abertas: crianças a partir de 2 anos de idade podem se
candidatar (clique sobre a imagem para vê-la ampliada)
Alguns
donos de fábricas e nobres, sensibilizados para com a situação
dos trabalhadores, propuseram formas distintas de encaminhamento
da produção e se tornaram fundadores de uma nova ciência, que
hoje chamamos de Sociologia. Dentre estes, destaco Claude-Henri
de Rouvroy, Conde de Saint-Simon (1760 — 1825), filósofo e
economista que primeiro cunhou a expressão “socialismo”, de
maneira idealista buscando formas de se conquistar justiça
social; além deste, François Marie Charles Fourier (1772 –
1837), filósofo e crítico do capitalismo, propôs a criação de
cooperativas, também visando conquistar justiça social; da
teoria cooperativista de Fourier chegou-se aos sindicatos de
trabalhadores, sempre criticados e combatidos – frequentemente
com o uso da violência – por parte daqueles que, concentrando as
riquezas, não partilhavam daqueles ideais de justiça.
Com o
passar dos anos, a busca de justiça social, proposta pelos
socialistas – muitos dos quais também membros do clero –
conseguiu, a alto preço em lutas, greves e sacrifícios, pequenas
conquistas como o descanso semanal remunerado, a limitação nas
horas de trabalho diárias e uma liberdade para a mulher que
incluía ainda a sua participação em processos decisórios.
Ao
final da Idade Média, era patente a crise do Modo de Produção
Feudal. Classicamente, se diz que o Modo de Produção entrou em
contradição com os interesses das Forças Produtivas. Naquele
caso, embora a densidade demográfica crescesse assustadoramente,
de nada adiantava produzir mais porque o excedente não iria para
aqueles deles necessitados; iria engordar ainda mais os cofres
da Nobreza. Qualquer semelhança entre os primórdios do
capitalismo e o quadro atual NÃO É MERA COINCIDÊNCIA, É
RETORCESSO MESMO! Sério agora: é clara a crise (palavra mais
difundida em todos os meios de comunicação contemporâneos) do
Modo de Produção Capitalista em sua Etapa de Globalização ou
entrega do poder Político às Empresas Privadas.
Em
outras palavras, dentre as conseqüências dos primórdios do que
se chama de
“Revolução”
Industrial,
destacamos: 1) diminuição da oferta de trabalhadores na
indústria doméstica rural, no momento em que o mercado ganhava
impulso, tornando-se indispensável adotar cada vez mais novas
formas de produção capaz de satisfazê-lo; 2) a proletarização
abriu espaço para o investimento de capital na agricultura, do
que resultaram a especialização da produção, o avanço técnico e
o crescimento da produtividade de produtos agrícolas mais
voltados a atender ao consumismo crescente. Quando possível,
pois a
Revolução
Industrial
se, por um lado, trouxe avanços técnicos na produção de bens
cada vez mais sofisticados, por outro tornou cada vez mais
difícil a vida cotidiana de pessoas que viviam do próprio
trabalho, seja no campo, seja nas cidades. Difícil consumir os
bens onerosos gerados pela indústria se a situação existencial
(salarial mesmo, refletindo-se na enorme dificuldade para a
aquisição de alimentos, providência de moradia, tratamento
médico, educação...) vem se tornando cada vez mais difícil.
Ainda assim, população cresceu e o mercado consumidor também; a
sobra de mão-de-obra para os centros industriais fez com que o
preço da carne humana, digo, da força de trabalho humana, na
forma de salários, fosse cada vez mais aviltada. Um problema que
vem se agravando espantosamente ao longo do último século e
meio, com ênfase para a decadência brutal da Era do Capitalismo,
que deixou de ser miseravelmente um Capitalismo Mercantil e
adota cada vez mais a versão “Capitalismo de Cassino” entre o
final do Século XX e este início de XXI.
As
pessoas começaram a se rebelar, fugir dos feudos (a que eram
“presas” por laços de honra) e a roubar, eventualmente com os
parcos recursos que conseguia amealhar, comprar bens baratos a
grandes distâncias vendendo-os mais caros onde eram desejados –
ressaltem-se as famosas especiarias –, ou seja, na Europa. A
prática do lucro era condenada pela Igreja Católica, a maior
potência do mundo à época. Mas para os fugitivos dos feudos,
fundadores de burgos, que serão mais tarde chamados de
“burgueses”, não restava outra alternativa exceto a atividade
comercial voltada ao lucro, considerada tão desonesta em
praticamente todas as culturas e civilizações do mundo a partir
de todos os pontos de vista éticos que não raro o mercador
Asteca ou Inuit (“Esquimó”) ou se despojava voluntariamente de
seus bens ou enfrentava severa punição após devida execração
pública!
O
capitalismo, enfim, começou como um câncer que surgiu no final
da sociedade feudal. Foi crescendo, crescendo e hoje a
Civilização Ocidental vive a metástase daquele mal que somente
surgiu na nossa e em nenhuma outra Civilização Humana. Saltemos
em pensamento para Civilizações chamadas de “tribais” ou
historicamente mais distantes, como a dos Apache, Yanomami,
Bosquímanos ou Hindus, passando pelos Babilônios, Vikings,
Chineses, Aztecas... Em Cultura ou Civilização Humana alguma o
acúmulo de bens causa tanta desgraça quanto na Civilização
Globalizada atual – trazendo enormes vantagens para os poucos
que chegam ao topo da pirâmide social e grande sofrimento para a
esmagadora e sempre esmagada maioria. A burguesia, enfim, com
seus interesses comerciais e especulativos, se sobrepõe ao
ser do humano numa infecção que contamina todo o planeta.
Aquelas sociedades que buscam a cura para este mal são
“reconvertidas” ao satanismo pagão de holocaustos ao
deus-mercado através de diversas formas de pressão e, no limite,
uso da força física, como ocorreu no Chile de Salvador Allende,
no Brasil de Jango (ambos estes casos e todas as Ditaduras
Militares alinhadas com o Império, sabemos hoje dadas as provas
documentais encontradas, foram Golpes de Estado articulados e
apoiados pela metrópole estadunidense como se revelou
recentemente em grandes detalhes e com abundantes provas
documentais e testemunhais no documentário premiado “O Dia que
Durou 21 Anos”, de Camilo Galli Tavares lançado no Brasil pela
PEQUI Filmes em março de 2013); mais recentemente, no Afeganistão e no
Iraque – na América Latina contra uma proposta socialista, no
Oriente Médio contra uma islâmica: ambos intoleráveis hereges
dentro do fundamentalismo de mercado, a Ideologia Hegemônica da
Sociedade Globalizada Contemporânea que se insiste em
auto-proclamar-se “não ideológica” ou “sem ideologia”, santa
hipocrisia!
A Transição do Modo
de Produção Feudal para o Modo de Produção Capitalista
Tornou-se fundamental reorganizar a sociedade
de maneira a que os novos donos da riqueza fossem também os
donos do poder. Surge uma nova religião para reforçar uma ética
mais consentânea com os tempos cambiantes: surge o
protestantismo. Os padres diziam nas missas – embora sua prática
fosse bem outra... – ser “mais fácil um camelo passar pelo fundo
de uma agulha do que um rico entrar no reino dos céus”,
reiterando serem pecaminosos aqueles que praticavam a cobrança
de juros, lucros... “Usurários”, enfim, eram todos enfileirados
no caminho que conduz ao fogo do inferno. Por outro lado começam
a surgir ex-padres, agora pastores, particularmente a maioria de
orientação calvinista, que passam a informar: “se a mão de Deus
estiver sobre a sua cabeça, você prosperará imensamente nesta
terra; nisso você verá um sinal de estar sendo por ele
abençoado”... Se você tivesse enriquecido à beça na base do
comércio lucrativo, ou do empréstimo a juros, preferiria o
discurso do padre (vale repetir, em contradição com a sua
prática) ou o do pastor? Assim cresceram as seitas protestantes
pelo mundo afora. Poderíamos ressaltar o quanto Calvino promoveu
INVERSÕES RADICAIS no cristianismo tornando a pobreza um pecado
e o lucro uma virtude, seja lá como conquistado, mas fugiríamos
ao escopo destas notas. Desenvolveremos este tema em outra
oportunidade...
Politicamente a burguesia endinheirada sentia-se lesada tendo de
pagar tributos à antiga nobreza, agora praticamente falida. No
início compravam títulos de nobres aos de antiga linhagem – que
os discriminavam! – a seguir passaram a pensar em alternativas
mais radicais (ser radical é ir à raiz e a burguesia foi radical
no período de suas glórias revolucionárias!) como convocar os
trabalhadores a uma aliança contra a nobreza e implantar um novo
tipo de regime político, muito mais interessante e lucrativo
para a burguesia, a “república”. Os burgueses convocaram seus
empregados, desempregados e desesperados, superiores em número,
para uma aliança contra a nobreza ou “antigo regime” e, após
muitos percalços, saem-se vitoriosos. Agora, “duque”, “king” e
“marquesa” passam a ser nomes de animais domésticos da
burguesia! O passo seguinte foi agradecer e condecorar
trabalhadores, desempregados e desesperados e mandá-los de volta
a seus trabalhos, a seus desempregos e a seu desespero...
Estes, à medida que se conscientizavam de que
foram usados para uma troca de poder que em absolutamente nada
lhes beneficiou começam a organizar-se em sindicatos e outras
agremiações classistas, por vezes secretas, maçônicas mesmo, por
vezes aberta e sempre e imediatamente proclamadas ilegais ou
heréticas e perseguidas por todo o aparato estatal e religioso
que a burguesia podia colocar em marcha!
O
surgimento dos Trabalhadores Organizados como uma categoria
multitudinária humana provoca o surgimento de reflexão entre os
intelectuais europeus e surge, inicialmente, o que Augusto Comte
chamava de “Física Social” ou “Sociologia”. Desde seus
primórdios a Sociologia tenta em vão conseguir a precisão
Científica existente nas Ciências Naturais. A Sociologia,
portanto, nasce conservadora, em busca de compreender e
controlar a massa dos trabalhadores. Aos poucos surgem
pensadores Radicais (que vão à Raiz mesmo dos fatos sociais) que
passam a questionar a ordem e a injustiça vigente. Destaque para
os Anarquistas e para o Socialismo Científico de Karl Marx e
Friedrich Engels.
Enquanto isso, os Eventos conhecidos como “Mecanismos de
Conquista Neocolonial”, ou seja, a partilha dos continentes
americano, africano e asiático entre as grandes potências,
começava e seus reflexões se fazem perceber até os dias de hoje.
Depois de duas guerras mundiais ocorrem formas de Emancipação
Política Limitada (o caso brasileiro, embora FORA deste
contexto, também apresenta uma Emancipação Política muito
limitada e uma Dependência Econômica notória!), a Nova
Globalização e o alinhamento ideológico das colônias às novas
metrópoles.
De
novo, a produção fabril cresce abundantemente na Europa durante
os primórdios da industrialização e chega a um esgotamento tanto
da matéria prima empregada na produção quanto na capacidade de
consumo dos bens produzidos – os trabalhadores geram muitos
bens, não conquistam os meios para, com o fruto salarial de sua
labuta, sequer consumir o que produziam.
A noção
de “alienação” surge precisamente aí. ALIEN em Latim significa
“estranho”; imagine um trabalhador que vá até uma fábrica no
momento em que os trabalhos começam: despe-se de suas roupas
civis, veste os paramentos da empresa fabril em que trabalha e
opera máquinas que não são suas na confecção de bens que jamais
poderá adquirir. O operário se tornou estranho ao que produz e,
por ilação, a si mesmo enquanto classe social, até porque, desde
sempre, a Classe Dominante remunera magnificamente bem aqueles
que se dedicam a obnubilar a Consciêcia de Classe dos
Trabalhadores: aqui entram desde os pregadores religiosos que
buscam conformar o trabalhador à sua situação “por ser da
vontade de Deus” até mesmo ideólogos burgueses que fazem
gigantescos saltos malabarísticos em busca de demonstrar o
contrário do que se percebe, ou seja “que as chances são iguais
para todos” e que “todos” podem chegar a se tornar exploradores,
deixando dês ser explorados – apresentam “exemplos”, que são
claramente exceção à regra e recordo mais uma vez que as
exceções, ferramenta privilegiada de toda a propaganda a favor
da manutenção das coisas como estão, são uma forma espetacular
de comprovar a regra: as chances NÃO são iguais para todos.
Evidentemente. Incidentalmente, certa feita um jornalista
perguntou a Karl Marx qual, dentre os Romanos Antigos havia
expressado sua frase ou máxima favorita. Sem pestanejar, Marx
recitou Públio Terêncio Afer (185 - 159 ANE): "Homo
sum; humani nil a me alienum putu", ou seja: "Sou humano
e nada do que é humano me será estranho" - a expressão "putu" ao
final da frase em latim é meramente indicativa de tempo futuro,
sendo a versão "puto", que se eoncontra à farta até em trabalhos
escritos, um besta e injustificável aportuguesamento de um latim
mau citado...
Voltando: os Empreendedores Fáusticos da Europa encontram uma
solução para seus problemas: “levar a civilização à África e à
Ásia”. Os EUA, já se industrializando também, protestam “A
América [todo o continente] para os Americanos [dos EUA]” –
o então presidente estadunidense James Monroe, 1822 assim
descrevia a Doutrina que levaria o seu nome. Começa o que entrou
para a história como corrida neocolonialista, com a partilha da
África e da Ásia entre as potências europeias. “Levar a
civilização” era o eufemismo para a busca de novas fontes de
matéria prima (tomadas manu militari aos povos que moravam onde
estas ficavam) e força de trabalho barata para as fábricas que
passaram a se instalar nos países incorporados às potências
europeias – o Continente Americano começa ali a ficar e segue
até os dias atuais sob o controle da grande potência do Norte.
Últimos
a se industrializar, mas também sequiosos pelas novas fontes de
matéria prima e mão de obra barata, os Impérios do Centro
(Alemanha e Império Austro-Húngaro) entram em confronto bélico
contra as potências europeias que se anteciparam na corrida
neocolonialista. Um dos maiores conflitos da história humana, a
I Guerra Mundial, foi uma guerra para tomar Nações Soberanas
transformadas em Colônias de seus próprios donos...
Socialismo e Comunismo
A luta por melhores condições de trabalho na Europa e na América
do Norte norteou a formação de correntes ideológicas novas e
distintas. Nos sindicatos, trabalhadores almejavam ampliar sua
participação nos volumosos lucros das empresas em que
trabalhavam, não estavam satisfeitos vivendo miseravelmente na
condição que Leonardo Da Vinci chamava de “enchedores de
latrinas, condutos de comida de quem, após sua passagem pelo
mundo nada mais fica senão latrina cheias”.
A
criação de bancos e a formação de trustes, cartéis e holdings
evidenciou o sofisticado grau de organização dos proprietários
dos grandes meios de produção. A única resposta possível
constava em organizar também a classe operária. Era preciso ir
além do que gente idealista e bem intencionada como Saint-Simon
e Fourier pensou ou projetou.
Desde
os primórdios da civilização ocidental, um grande número de
pensadores ao longo de todas as eras se debruçou sobre a questão
da melhor sociedade, da sociedade ideal. Utopia, título de uma
Obra publicada em 1516 por Thomas More, significa “lugar que não
existe”. Do grego u = não e topos = lugar. Ressalte-se que não
significa “lugar impossível de existir”. Enquanto construção ou
projeto humano, a Utopia foi sonhada, imaginada e projetada por
Autores distintos como Platão (“A República” – circa 380 Antes
da Nossa Era), Tomaso Campanella (“A Cidade do Sol” circa 1630
da Nossa Era), o já citado Thomas More (“Utopia” – 1516) ou
mesmo mais recentemente o behaviorista Burrhus Frederic (B. F.)
Skinner (“Walden II – Uma Sociedade do Futuro“ – 1948).
Nascimento da Sociologia Crítica
Com todas as dificuldades implícitas na própria concepção de se
fazer uma ciência do social,
Karl Marx
e Friedrich Engels se debruçaram longamente sobre esta questão.
Adotando o ponto de vista dos trabalhadores criaram um
ferramental intelectual inédito e até hoje imbatido para a
compreensão de [e ATUAÇÃO SOBRE] o Real. Com base no socialismo
chamado “utópico” dos franceses, da filosofia clássica alemã (em
particular o materialismo de Feuerbach e a dialética de Hegel) e
a economia clássica inglesa construiu o que por vezes chama de
Materialismo Histórico, por vezes Materialismo Dialético que,
insista-se segue o mais avançado ferramental para análise e
atuação sobre a realidade social injusta em que vivemos.
Marx em
particular conclui que chegou o momento de o filósofo não mais
limitar-se a interpretar o mundo de maneiras diversas –
frequentemente mesmo sem aferir a realidade de suas teses diante
do mundo concreto – ao contrário, propõe que o filósofo saia de
sua torre de marfim e vá às ruas, que vá enfim ao povo e que
acompanhe o povo na realização prática da filosofia.
Testando sempre suas teses frente a outros filósofos,
economistas e antropólogos de seu tempo, Marx argumentava com
precisão em defesa dos trabalhadores. Vejamos alguns exemplos:
. Os empresários
poderiam dizer algo como “mas sou eu quem entra com o dinheiro e
corre todos os riscos”, a estes Marx dedica um capítulo inteiro
de sua Obra mais comentada e menos lida, O Capital, o “processo
de acumulação primitiva do capital”. Em síntese, o acúmulo de
capital é um misto de expropriações de povos em outros tempos e
terras, extração do fruto de uma quantidade extra de trabalho
que não é paga a quem o produz e assim por diante. Contesta
Proudhon, para quem “A Propriedade é o Roubo”, não por discordar
de suas conclusões, mas apontando para a forma ingênua, bem
intencionada, contudo, através da qual o Anarquista Francês
chegava àquelas conclusões.
. Seus adversários
poderiam ainda argumentar que “os trabalhadores tenderiam a uma
preguiça generalizada e a produção seria paralisada caso todos
os bens fossem socializados” ao que Marx retrucava simplesmente
ser este um argumento vazio: “se fosse verdade, a sociedade
capitalista estaria paralisada há muito tempo pois nela, os que
mais trabalham, menos bens possuem e os que mais bens possuem
não trabalham”.
Na economia, dentro da criação de um novo ferramental
intelectual capaz de interpretar e agir sobre a realidade que se
tornou intolerável, Marx bebe nas fontes dos Iluministas, como
Adam Smith que, em “A Riqueza das Nações” contesta os
fisiocratas da Idade Média e os mercantilistas da Era das
Grandes Navegações. Para os primeiros era a terra a fonte
primária da riqueza das nações; aquela teoria foi substituída
pela tese de que as trocas comerciais vantajosas seriam o
principal fruto da riqueza das nações. Smith, com precisão,
argumenta que a terra não produz sem que nela se trabalhe e
mesmo o comércio, para se realizar, depende da atuação humana,
concluindo que a principal fonte da riqueza das nações está no
Trabalho Humano. Marx dá um passo adiante e constata o que hoje
é consenso: o fruto da riqueza das nações é o trabalho humano;
contudo, aquela riqueza é apropriada de maneira desigual.
Desenvolve o importante conceito de mais-valia que cabe conferir
em detalhes em “O Capital”. Apresentamos a seguir uma
aproximação genérica ao conceito.
Mais-valia:
a cada hora trabalhada, o operário gera 100% de valor e, a cada
hora, seu patrão paga menos de 10% do valor gerado pelo
trabalhador; do restante, descontemos, a cada hora, cerca de 10%
em manutenção de equipamento, mais 10% em valor da matéria
prima, outros 10% para administração geral e a diferença, em
torno de 60% do valor gerado pelo operário a cada hora é
expropriado pelo dono em lucros líquidos cada vez mais
astronômicos à medida que os outros fatores tendem a ser
reduzidos, como o valor dos salários ou mesmo da matéria prima.
A sensação vaga de injustiça que norteia os socialistas
franceses que o precederam, dirá Marx, advém do fato de o lucro
do dono dos meios de produção crescer cada vez mais, enquanto a
participação destes lucros por parte de quem os gera se vai
tornando cada vez menor.
A
injustiça é motivo de protestos nas mais diversas espécies
animais de nosso planeta. Estudiosos como Jared Diamond e Frans
De Waal detectam este traço em caninos, elefantes, girafas,
primatas e mesmo roedores. Há várias experiências em que se
busca colocar dois animais da mesma espécie realizando tarefas
similares; para cada um se dá uma recompensa diferente e o
animal se agita, claramente deixando clara a sua insatisfação
para com a injustiça.
Reproduzo abaixo trecho de uma apresentação de Frans De Waal
demonstrando, em macacos-prego não treinados, como o sentido de
injustiça está enraizado nos primatas desde antes da especiação
se diversificar. Dois macacos-prego colocados lado a lado,
recebem, pela mesma tarefa (devolver uma pedrinha a uma
treinadora) recompensas diferentes. O da esquerda recebe lascas
de pepino (satisfatório como recompensa para o macaco-prego, mas
não tão saboroso); o da direita, sob o olhar cada vez mais
insatisfeito do situado à esquerda, recebe uvas (um acepipe mais
saboroso que o companheiro da esquerda percebe pela cor e odor
com clareza) como recompensa. Vejamos como o que acontece...
O vídeo completo, com legendas em português, da apresentação
acerca do comportamento moral entre animais apresentado pelo
Primatologista Frans De Waal, está disponível gratuitamente na
magnífica página do TED Talks em
http://www.ted.com/talks/frans_de_waal_do_animals_have_morals
Já no
início do século XIX surgiu um “movimento dos quebradores de
máquinas”, idealizado pelo britânico Ned Ludd, conhecido ainda
como “movimento ludita”. Na França surgiram os sabotadores;
literalmente tiravam seus sapatos (sabot em francês) e os metiam
entre as engrenagens das máquinas, quebrando-as. Ingenuamente se
levantavam contra as máquinas, contra os avanços tecnológicos
não vislumbrando neles o potencial de avanço em tempo de lazer
que se poderia ter caso se optasse por um encaminhamento
Racional e Humanista, justo, em síntese, da produção. Como
tradicionalmente ocorre, a classe dominante apodava apelidos
infamantes naqueles que assim protestavam e a quebra de uma
máquina passou a ser punível com a morte do sabotador. Com o
passar dos anos ficou claro que seus inimigos não eram as
máquinas, mas os donos das máquinas!
Movida pela sede de justiça, nasceu na Alemanha entre 1846 e
1847 uma organização operária chamada “Liga dos Justos”.
Contando com sofrível organização, faltava-lhes ideias
norteadoras mais sólidas que o vago clamor contra a injustiça;
Marx dirá que “os trabalhadores jamais esperaram pelos
intelectuais para se organizar e expressar seu protesto” e
sempre vêem o intelectual – que o Húngaro Georg Lukács chamará
de “operário das letras” – com compreensível desconfiança. Marx
adere ao movimento, aos poucos fica claro aos “justos” que ali
estava alguém que partilhava dos mesmos ideais e metas. Marx
chega à liderança organizacional e muda o nome da organização
para “Partido Comunista”. Com vistas a tornar suas ideias mais
acessíveis a um público maior e menos informado acerca da
temática filosófica ou social, publica um panfleto em que
simplifica as ideias do movimento recém-nascido e o intitula
Manifesto do Partido Comunista em 1848, em parceria com
Friedrich Engels.
Abro
aqui mais um parêntese para ressaltar o quão difícil é aos
trabalhadores que se dedicam a atividades fundamentalmente
braçais de antes do nascer até depois do por do Sol se
conscientizarem de sua própria situação – a consciência de
classe, tema que o filósofo húngaro Georg Lukács aprofundará em
“História e Consciência de Classe”. Quando os Nazistas invadiram
e conquistaram a Hungria, um oficial das SS encarregado de levar
Lukács preso exigiu: “Dê-me neste instante qualquer arma que
você tenha!”. O professor universitário comunista, consciente do
perigosíssimo potencial da única arma que portava, leva a mão
cautelosamente ao bolso e, entre lágrimas, entrega sua caneta ao
brutamontes nazista...
Desde o
início, ciente do potencial igualitário do movimento operário
nascente e se organizando cada vez mais, os donos dos meios de
produção engenham uma violenta campanha de difamação e
propagandas voltadas a confundir a opinião pública. Apesar
disso, muito se consegue. Em 1871, quando a Prússia invadiu a
França durante o processo de Unificação da Alemanha, os
operários de Paris declararam a cidade livre e instalaram o
primeiro regime de economia planificada do mundo. Foi uma
experiência em grande parte frutuosa, com dificuldades
compreensíveis a quem tenta um novo projeto e o ataque furioso
dos que perdiam o controle; decretou-se a abolição do trabalho
noturno, a igualdade salarial entre os sexos, o cargo de juiz se
tornou eletivo, os sindicatos foram legalizados, estabeleceu-se
a educação gratuita e várias outros genuínos avanços. Após uma
guerra em que a França havia perdido territórios e muitas vidas
para os prussianos, o Sr. Louis Adolphe Thiers, chanceler
francês conduzido ao poder pelos poderosos de França chama os
prussianos para massacrar os parisienses numa vergonha nacional
de que a própria França até hoje não se recompôs.
Nas
idas e vindas das lutas dos trabalhadores muito se conquistou em
termos de melhoria nas condições de trabalho, como o
estabelecimento de um valor mínimo para a remuneração, a
limitação nas horas de trabalho diárias, descanso semanal e
férias remuneradas. No século XX alguns outros direitos foram
conquistados como a aposentadoria, pensão a órfãos e viúvas,
serviços de educação e saúde públicos, etc. Chega-se ao século
XXI com um retrocesso vigoroso nestas áreas: o colapso da
experiência soviética (de que trato adiante) traz consigo um
cortejo de “liberalizações” para o Capital encurralando mais e
mais o ser humano que vive e trabalha.
A Dialética
Fico a dever um estudo mais detalhado e aprofundado do que seja a Dialética. Para este ensaio inicial, o fundamental é manter em mente seu conceito nodal: MOVIMENTO. Tudo é transformação, movimento. Heráclito de Éfeso, em seu aforismo de número 91 informa: “Não se pode entrar duas vezes no mesmo rio.” – as águas passam e a própria pessoa se transforma. Hoje, por exemplo, sabemos que todas as células do nosso corpo são substituídas a cada 11 meses. Há permanência e transformação. Somos nós mesmos e um outro em processo de devenir perpétuo, em permanente transformação.
Razão e Revolução - Herbert Marcuse
Para trilhar com propriedade os caminhos do Saber em geral e da Dialética em particular, cabe a recomendação de William Buttler Yeats (1865–1939): "Estendi meus sonhos sob seus pés;
Karl Marx Originário da Renânia, um pedaço da enorme colcha de retalhos que mais tarde constituiria a Nação Alemã, filho de burgueses e educado no mais rigoroso protestantismo, incrivelmente perspicaz, cedo percebeu que enquanto houver neste mundo gente que se alimenta e gente que passa fome, enquanto houver opressores e oprimidos a espécie humana inteira estará refém da insânia. Chegou à conclusão de que somente a partir do ponto de vista de quem não tem absolutamente nada a perder se pode almejar a vislumbrar a verdade. Adotando o ponto de vista dos trabalhadores criou um ferramental intelectual inédito e até hoje imbatido para a compreensão do Real. Com base no socialismo chamado “utópico” dos franceses, da filosofia clássica alemã (em particular o materialismo de Feuerbach e a dialética de Hegel) e a economia clássica inglesa construiu o MATERIALISMO DIALÉTICO, filosofia voltada não apenas à ascensão da classe trabalhadora ao poder, mas à libertação de toda a espécie humana de todas as formas de opressão e exploração. Mais sobre Karl Marx aprofundarei em: http://culturabrasil.org/marx.htm
Evidentemente era necessário que a burguesia também produzisse uma teoria em defesa de seus pontos de vista e poucos foram tão brilhantes – e influenciaram tanto a nossa combalida Nação – quanto o positivismo.
Augusto Comte Fundador da Física Social - Lelita
Oliveira Benoit
Durkheim e “As Regras...”
Discípulo genial de Comte, Émile Durkheim sistematizou algumas de suas idéias e foi o primeiro a usar efetivamente a expressão “Sociologia” para referir-se ao estudo em pauta, que seu mestre ainda chamava de “Física Social”.
As Regras do Método Sociológico - Émile Durkheim
Húngaro, o mais notável discípulo de Weber, percebe-lhe as limitações e conduz os avanços sociológicos que esta corrente positivista havia logrado atingir ao marxismo, a que se alinha com muito maior conforto. O Clássico “História e Consciência de Classe” é um leitura obrigatória a todo aquele que queira compreender o ser humano vivendo em sociedade. O peso de sua erudição não tira o interesse do trabalho, ao contrário. Foi um dos últimos brilhos a ir mais longe que Marx dentro do pensamento marxista. É de seu mais brilhante discípulo, Lucien Goldman, o Clássico Ensaio "Ciências Humanas e Filosofia".
Georg Lukács - História e Consciência de Classe Totalmente DESTRUÍDA pela Sagrada Congregação para a Doutrina da Fé (a famosa "Santa" Inquisição, sob o liderança do alemão Joseph Ratzinger) obedecendo ordens expressas do polaco Karol Wojtila, segundo os grandes filósofos europeus contemporâneos, esta aoi a maior contribuição da América Latina em geral e do Brasil em particular ao Saber Universal. O revolucionário em busca de um mundo melhor, como Che Guevara ou o padre Camilo Torres é equiparado aos primeiros cristãos. O comunismo nascente comparado ao cristianismo também em processo de parturição no Império Romano. Assim como o Império Romano negou o cristianismo por quase 400 anos, proclamando-lhe extinto, acabado, morto e era aterrorizado pelo fantasma de seu cadáver insepulto o Capital proclama reiteradas e repetidas vezes a “morte do comunismo”. O que Weber chamava de “jaula de ferro” os Teólogos da Libertação chamavam de “pessimismo defensivo” da burguesia. Em síntese, eles dizem: “não tem jeito”. “Sempre foi e sempre será assim” – preenchendo o futuro como se houvesse uma linha invisível a ligar todos os tempos, como se a Vontade humana não houvesse sido capaz de proezas memoráveis como a transformação do Império Romano num Império Cristão; a travessia do “Mar Tenebroso” que todos “sabiam” intransponível e a
chegada ao Novo Mundo; os exemplos se multiplicam. (O Autor, embora siga caminho distinto do que escolhi, apresenta bem a mesma questão aqui colocada)
Lázaro Curvêlo Chaves - 20 de Janeiro de 2004 Revisado a 11/11/2014 Confira ainda: O Que é Sociologia? Uma Nova Abordagem Aprendendo a Pensar Criticamente – Notas sobre Metodologia Científica Leitura Mencionada no Texto/Indicada |